domingo, 22 de dezembro de 2013

A ESQUECIDA HERDEIRA DO ÚLTIMO CZAR ANISTIA A "IMORAL" INGRID BERGMAN

Anastácia, a princesa esquecida (Anastasia, 1956), de Anatole Litvak, recompõe as boas relações entre Ingrid Bergman e as moralistas e puritanas plateias estadunidenses. Estas não perdoaram o envolvimento amoroso da atriz — casada e mãe de uma filha — com o cineasta italiano Roberto Rossellini. Enxovalhada na imprensa e acusada de ser mau exemplo para as mulheres dos Estados Unidos, foi considerada persona non gratta e banida do país. Ela interpreta a amnésica Anna Koreff, treinada pelo General Sergei Pavlovich Bounine (Yul Brynner) para se passar pela princesa Anastasia Nikolaevna, filha do último czar, Nicolau II. A realização, apesar de bem cuidada, repleta de elegância, requinte e bom gosto, é excessivamente convencional e prolixa. Os figurinos, a direção de fotografia e a trilha musical resistem como valores à parte, juntamente com as interpretações, principalmente a de Helen Hayes no papel da imperatriz Maria Feodorovna. O Oscar de Melhor Atriz para Ingrid Bergman — o segundo de sua carreira — serviu mais como salvo-conduto ou certificado de anistia. Não que a atriz decepcione. Mas em 1956 a premiada deveria ser Carroll Baker por Boneca de carne (Baby Doll), de Elia Kazan.






Anastácia, a princesa esquecida
Anastasia

Direção:
Anatole Litvak
Produção:
Buddy Adler
20th Century-Fox
EUA — 1956
Elenco:
Ingrid Bergman, Yul Brynner, Helen Hayes, Akim Tamiroff, Martita Hunt, Felix Aylmer, Sascha Pitoëff, Ivan Desny, Natalie Schafer, Grégoire Gromoff, Karel Stepanek, Ina De La Haye, Katherine Kath e os não creditados Paul Bildt, Alexis Bobrinskoy, Marguerite Brennan, Paula Catton, Allan Cuthbertson, Maroussia Dimitrevitch, Edward Forsyth, Melvyn Hayes, Hy Hazell, Tutte Lemkow, André Mikhelson, Polycarpe Pavloff, Eric Pohlmann, Olaf Pooley, Peter Sallis, Tamara Shayne, Anatole Smirnoff, Olga Valéry, Henri Vidon, Stanley Zevic.



O diretor Anatole Litvak



Com Anastácia, a princesa esquecida, Ingrid Bergman conquistou o seu segundo Oscar de Melhor Atriz. O primeiro, em 1944, deveu-se ao papel da sofrida Paula Alquist em À meia luz (Gaslight, 1944), de George Cukor. O filme de Anatole Litvak também lhe garantiu o Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática, o prêmio do Círculo de Críticos de Cinema de Nova York para Melhor Atriz e o italiano David di Donatello de Melhor Atriz Estrangeira.


As premiações recebidas nos EUA, particularmente o Oscar, possuem significados especiais para Ingrid Bergman e as puritanas plateias do país. Estas praticamente a baniram por abandonar o marido Petter Lindstrom e a filha Pia em decorrência de seu envolvimento amoroso com o italiano Roberto Rossellini, então casado com Anna Magnani. Em 1945, com Roma, cidade aberta (Roma, città aperta), Rossellini inaugurou oficialmente o cinema neorrealista. O filme conseguiu imediata e estrondosa repercussão internacional. Emocionada, Ingrid Bergman escreveu ao diretor, oferecendo-se para trabalhar com ele. Após lamentar sua precariedade na língua italiana, terminou a missiva — segundo a lenda — com "Ti amo". De concreto, sabe-se que deixou a família e rumou para a Itália, com a cara e a coragem, em 1949, ao concluir Sob o signo de Capricórnio (Under Capricorn, 1949), de Alfred Hitchcock.


O ato escandalizou os Estados Unidos. Bergman ganhou fama de adúltera. Foi enxovalhada na imprensa e acusada de dar mau exemplo às mulheres do país. O caso, de tão rumoroso, provocou a intervenção do Governo Federal. Considerada persona non gratta, terminou banida. Como Charles Chaplin, entrou no mesmo caudal de moralismo e paranoia anticomunista que culminou com a triste e notória "caça às bruxas".


Ingrid Bergman passou 8 anos com Rossellini. Da união nasceram Roberto e as gêmeas Isotta e Isabella Rossellini. Sob direção do marido atuou em Stromboli (Stromboli, terra de Dio, 1950), Europa' 51 (Europa' 51, 1951), no segmento Ingrid Bergman de Nós, as mulheres (Siamo donne, 1953) — realização coletiva da qual também participaram Gianni Franciolini, Alfredo Guarini, Luchino Visconti e Luigi Zampa —; Viagem pela Itália (Viaggio in Italia, 1954), O medo (Non credo più all'amore/La paura, 1954) e Joana d'Arc de Rossellini (Giovanna d'arco al rogo, 1954). Em 1956 a relação chegou ao esgotamento. A atriz começou a ensaiar o retorno aos Estados Unidos. Nesse ano, na França, atuou em As estranhas coisas de Paris (Elena et les hommes), de Jean Renoir, e contatou produtores estadunidenses. Deram-lhe sinal verde para a volta, com o indispensável aval do público. A oportunidade surgiu com Anastácia, a princesa esquecida. Apesar de produzido pela estadunidense 20th Century-Fox, foi integralmente filmado em locações europeias[1].



Ingrid Bergman como Anna Koreff ou, supostamente, Anastasia, herdeira do último czar


A realização de Anatole Litvak contém os ingredientes básicos para a franca e ampla aceitação das plateias. A história gira em torno de um mistério que galvanizou, por anos, o imaginário ocidental, principalmente da oposição antissoviética: nem toda a família do Czar Nicolau II — Nikolái Alieksándrovich Románov  pereceu pelos revolucionários de Lênin em 17 de julho de 1918 na localidade de Ecaterimburgo. A princesa e Gran Duquesa Anastasia Nikolaevna teria escapado e se encontrava em algum lugar da Europa. O enigma ganhou força ao final dos anos 20, graças ao surgimento de Anna Anderson, apontada — inclusive pela própria —, como herdeira legítima dos Romanov. Diante disso, a produção de Anastácia, a princesa esquecida, cercou-se de cuidados. Contatou a pretendente — à época vivendo na Alemanha —, em busca de autorização para utilização do seu nome — o que acontece quando a ação se desloca para Copenhague.


O enigma só foi definitivamente esclarecido em 2007. Anna Anderson faleceu em 12 de fevereiro de 1984, aos 88 anos, nos Estados Unidos. Testes de DNA a partir da comparação do seu material genético com o do príncipe inglês Phillip, pertencente à linhagem dos Romanov, confirmaram a falsidade da pretendente[2].


Bounine (Yul Brynner) transforma a desmemoriada Anna Koreff  (Ingrid Bergman) na herdeira do czar

  
Anastácia, a princesa esquecida funciona bem, apesar de burocraticamente conduzido. A direção não soube ocultar as origens teatrais do argumento — a peça de Marcelle Maurette adaptada por Guy Bolton e roteirizada por Arthur Laurents. A narrativa é estruturada como um conto de fadas. Não faltam pitadas de romance e mistério, suportadas por muita licenciosidade histórica. Quase toda a ação, captada por um impessoal mas competente trabalho de câmera, transcorre em ambiente fechado. O poder de atração do filme depende integralmente dos atores. Estes não decepcionam, mas entregam somente o trivial.


Anatole Litvak é diretor pouco criativo, mas de comprovada eficácia e competência. Russo de origem, afrancesou o nome verdadeiro, Mikhail Anatol Litwak. Iniciou-se na direção em São Petersburgo, em 1925, com o obscuro Tatiana. Na Alemanha, fez assistência de direção para George Wilhelm Pabst, o que lhe permitiu ascender ao quadro de realizadores da UFA (Universum Film Aktien), posição na qual permaneceu de 1930 a 1932. Deixou o país com a ascensão do nazismo. Prosseguiu carreira na França e Inglaterra. O sucesso internacional de Mayerling (Mayerling, 1936) lhe abriu as portas dos Estados Unidos, onde estreou em 1937 com Inferno entre nuvens (The woman I love). Integrado à linha de montagem da produção hollywoodiana, tornou-se pau para toda obra em termos de modas e gêneros. Conduziu a carreira até 1969, com A moça no carro com óculos e o fuzil (The lady in the car with glasses and a gun)[3].


Segundo meus critérios, os filmes mais relevantes de Anatole Litvak — se bem que nenhum chega a ser particularmente emocionante[4] — são Confissões de um espião nazista (Confessions of a Nazy spy, 1939), Dois contra uma cidade inteira (City of conquest, 1940), Tudo isto e o céu também (All this and a heaven too, 1940), Quando a noite cai (Out of the fog, 1941), Uma vida por um fio (Sorry wrong number, 1948), Na cova das serpentes (The snake pit, 1948), Decisão antes do amanhecer (Decision before dawn, 1951), Mais forte que a morte (Act of Love, 1953), Crepúsculo vermelho (The journey, 1959), Mais uma vez adeus (Goodbye again, 1961) e A noite dos generais (The night of the generals, 1967).


A história de Anastácia, a princesa esquecida começa em 1928, na capital francesa. Paris é abrigo preferencial da nobreza czarista evadida por força da Revolução de Outubro. Chega a ser engraçado ver condes, generais e ministros sobrevivendo por esforço próprio, como taxistas, comerciantes e proprietários de casas noturnas. Celebra-se a Páscoa Russa. Uma mulher de aproximadamente 30 anos, aparentando desorientação, aproxima-se da Catedral Ortodoxa de Santo Alexandre Nevsky de Paris. Desperta a atenção de alguns homens. Logo se afasta, assustada. A câmera a acompanha até Ponte Alexandre III, sobre o Sena. Tem a intenção de se lançar às águas do rio. É contida por Sergei Pavlovich Bounine (Brynner), outrora general do czar. A mulher que salvou é Anna Koreff (Bergman). Recebeu alta de um sanatório. Solitária, vaga sem rumo, não tendo a quem apelar. Ela pode ser, de fato, Anastácia. Se não for, será útil da mesma forma aos planos de Bounine. Ele, Boris Adreivich Chernov (Tamiroff) e Piotr Ivanovich Petrovin (Pitoeff) almejam a posse de dez milhões de libras esterlinas depositadas no Banco da Inglaterra por Nicolau II, em benefício de seus herdeiros. Desconfiando do golpe, a instituição ameaçou o trio com prisão se não apresentar, em oito dias, provas da lisura de sua intenção.



O general Bounine (Yul Brynner) impede o suicídio de Anna Koreff (Ingrid Bergman)


Bounine, baseado nos profundos conhecimentos que tem da corte e da família do Nicolau II, pretende instruir Anna Koreff a se passar por Anastácia. Seus companheiros estão céticos com o sucesso da empreitada. Mas o confiante general vai em frente. Diante de um futuro de poucas esperanças, ela consente em participar do plano. Recebe, em regime intensivo, aulas acerca de tudo o que Anastácia deveria saber, ministradas pelo próprio Bounine, incansável como se fosse o professor Higgins, de Pigmalião[5], na educação de Eliza Doolittle.


A transformação de Anna Koreff em Anastácia necessita da mais absoluta perfeição. Afinal, ela deve se fazer crível não só ao Banco da Inglaterra, mas também à desconfiada nobreza russa no exílio, há muito tarimbada pelas inúmeras golpistas que se passaram pela princesa.



Bounine (Yul Brynner) e Anna Koreff (Ingrid Bergman)


Cansada do treinamento intensivo, demonstrando falta de confiança com o plano e sem nunca ter a verdadeira noção de quem realmente é, a personagem de Bergman reluta diversas vezes em continuar. Mas Bounine, sempre enérgico e autoritário, tem controle absoluto sobre ela. As lições rendem resultados além do esperado. A Anastácia de Koreff se mostra convincente para muitos nobres, que fornecem testemunhos abalizados de sua autenticidade. O próprio Bounine começa a duvidar da real identidade de Anna. Será de fato Anastácia? Evidentemente, acontece o óbvio: ambos se apaixonam mesmo jamais se declarando um ao outro. Bounine continua como o inflexível professor ao passo que Anna permanece em suas dúvidas. Forma-se uma situação ambígua, que não avança adequadamente devido à ausência de empatia entre Yul Brynner e Ingrid Bergman.


Chega o momento mais complicado do plano. A Anastácia de Koreff tem que conseguir o aval da mãe de Nicolau II, a amarga e praticamente reclusa imperatriz Maria Feodorovna (Hayes)[6], em Copenhague, Dinamarca. Ela perdeu toda a família para a Revolução e não quer passar por novas decepções. Inicialmente, reluta em receber a pretensa neta. Quando se deixa convencer, o filme atinge o clímax dramático. O encontro das personagens de Ingrid Bergman e Helen Hayes é marcado pela tensão, graças, principalmente, ao esforço das atrizes. A conversa entre ambas é longa e intensa, marcada por afirmações e negações, com exposições sobre a natureza e identidade do czarismo. Apesar de tudo, Anna Koreff se mostra crível para a matriarca. É reconhecida como a herdeira. Um baile é marcado, em Paris, para apresentá-la oficialmente à sociedade e confirmar suas bodas com o príncipe Paul Von Haraldberg (Desny), a quem estava prometida desde que eram crianças. A partir daí entra em evidência uma espécie de cansaço de Bounine com a missão, dado sintomático de sua paixão por Anna Koreff. Da parte dela acontece o mesmo.


A imperatriz Maria Feodorovna (Helen Hayes) diante de sua suposta neta (Ingrid Bergman)
O ápice dramático da realização


O baile começa. Mas Bounine, após conversa com Maria Feodorovna, pede para se retirar. A experiente imperatriz desconfia das argumentações do General. Pressente a paixão dele por Anastácia. Deixa-o aguardando num aposento e procura a neta, para uma conversa esclarecedora. A trama chega ao fim com os golpistas redimidos pelo amor. Maria Feodorovna consente na partida de ambos. O fato relevante para o espectador é que os personagens de Bergman e Brynner não são mais vistos. Cena alguma os mostra partindo juntos, o que deixa o epílogo aberto — algo não muito comum a uma produção hollywoodiana do período. As derradeiras tomadas mostram Maria Feodorovna se encaminhando para o salão do baile, acompanhada do Príncipe Paul — a esta altura devidamente ciente das novidades —, decidida simplesmente a comunicar o fim do jogo aos convidados e exortá-los a que voltem às suas casas.



Anna Koreff, reconhecida como Anastácia, com a rainha Maria Feodorovna (Helen Hayes)


Não há duvidas de que Anastácia, a princesa esquecida é bonito e bem cuidado, repleto de elegância, requinte e bom gosto. Mesmo assim, sua arquitetura não encanta totalmente. Talvez por ser excessivamente quadrado; e também por prolixidade e uma câmera que mantém tudo muito respeitosamente à distância. Figurinos e fotografia considerados isoladamente são insuficientes para tornar um filme plenamente satisfatório. Restam como acessórios aos quais faltou o essencial. Certamente há a inspirada trilha musical concebida por Alfred Newman que sobrevive como atração à parte. Seus acordes convidam ao sonho. O espectador de boa vontade, se fechar os olhos, será conduzido aos motivos russos nos quais se baseou o compositor. Infelizmente, quando da entrega do Oscar, Alfred Newman perdeu para o mais palatável Victor Young por A volta ao mundo em 80 dias (Around the world in eighty days, 1956), de Michael Anderson.


Quanto aos atores principais, Ingrid Bergman está bem, mas poderia render mais e melhor. Parece oprimida pelo intimidador Bounine de Yul Brynner. É certo que ela ganhou o Oscar. Mas as razões da premiação foram expostas no início do texto. Para se fazer justiça àquele 1956, a premiada deveria ser Carroll Baker por Boneca de carne (Baby Doll), de Elia Kazan, e, em segundo plano, Deborah Kerr por O rei e eu (The king and I), de Walter Lang. Desconheço Lágrimas do céu (The rainmaker), de Joseph Anthony, e Tara maldita (The bad seed), de Mervyn LeRoy, que indicaram, respectivamente, Katharine Hepburn e Nancy Kelly. Yul Brynner estava no auge da carreira quando interpretou Bounine. Em 1956 também foi Ramsés II em Os dez mandamentos (The ten commandments), de Cecil B. DeMille, e o rei Mongkut do Sião em O rei e eu, pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Ator. Não sei em qual ordem foram realizados Anastácia, a princesa esquecida, Os dez mandamentos e O rei e eu, e mesmo que seja temerário fazer tal afirmação, tem-se a impressão de que há excessos de Ramsés II e de Mongkut no caráter de Bounine.


Bounine (Yul Brynner) e sua criação (Ingrid Bergman) diante dos jornalistas


Dentre os coadjuvantes há pequenas mas memoráveis participações de Helen Hayes, Martita Hunt, Akim Tamiroff e Sascha Pitoëff. A mais destacada, indubitavelmente, é a de Helen Hayes, soberba como Maria Feodorovna. E pensar que foi escalada por erro de comunicação! A atriz estava há muito afastada do cinema, em razão do falecimento da filha e da delicada saúde do marido. Na verdade, uma colega inglesa de nome semelhante deveria ficar com o papel: Helen Haye. Mas o responsável pelo contato acreditou em erro de grafia e enviou o convite para Helen Hayes. Com um semblante impassível, que parece ocultar decepções e amarguras, contida como uma imperatriz altiva segundo as representações por nós esculpidas à força de narrativas e do imaginário, o desempenho de Hayes confere alma ao filme. Ela vence facilmente o embate com Ingrid Bergman na sequência nervosa da realização. Por obra da injustiça das injustiças, sequer foi lembrada para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Akim Tamiroff, Sascha Pitoëff e Martita Hunt humanizam o tom seco e grave da história com o alívio cômico que oferecem.


Anastácia, a princesa esquecida agradou produtores e público. Os sobreviventes da aristocracia russa exilada chegaram a ficar confusos, até indignados, com os excessos tomados. Mas, no geral, agradeceram à boa visibilidade conseguida.


Além do Oscar de Melhor Atriz para Ingrid Bergman, Anastácia, a princesa esquecida recebeu indicações da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para Alfred Newman por Melhor Trilha Musical. Pela Associação de Jornalistas Estrangeiros baseados nos Estados Unidos foi indicado ao Globo de Ouro para Melhor Atriz Coadjuvante (Hayes). Em 1956, Yul Brynner fez jus aos prêmios do National Board of Review pelo conjunto das atuações que ofereceu em Os dez mandamentos, O rei e eu e Anastácia, a princesa esquecida. A mesma instituição incluiu a realização de Litvak entre os Dez Melhores Filmes do Ano.



Anna Koreff (Ingrid Bergman) posa de Anastácia para a rainha Maria Feodorovna (Helen Hayes) e a baronesa Elena von Livenbaum


Do British Academy of Film and Television Arts (BAFTA), Anastácia, a princesa esquecida indicou Arthur Laurents ao prêmio de Melhor Roteiro Britânico.


Ingrid Bergman, em 1974, recebeu o seu terceiro Oscar, desta vez como Melhor Atriz Coadjuvante por Assassinato no Expresso Oriente (Murder on the Orient Express, 1974), de Sidney Lumet.







Roteiro: Arthur Laurents, com base em peça de Marcelle Maurette adaptada por Guy Bolton. Direção de fotografia (Cinemascope, Color DeLuxe): Jack Hildyard. Música: Alfred Newman. Direção musical: Alfred Newman (não creditado). Figurinos: René Hubert. Montagem: Bert Bates. Direção de arte: Andrej Andrejew, William C. Andrews. Maquiagem: David Aylott. Assistente de diálogos: Paul Dickson. Penteados: Johnnie Johnson, Pearl Tipaldi (não creditado). Som: Harry M. Leonard, Gerry Turner. Decoração: Andrew Low. Arranjos de música russa: Michel Michelet. Assistente de direção: Gerry O'Hara. Orquestração: Edward B. Powell. Planejamento do set: John Graysmark (não creditado). Edição de som: Ralph Hickey (não creditado), Jim Leppert (não creditado). Foco: Gerry Fisher (não creditado). Maquinista: Dennis Fraser (não creditado). Operador de câmera: Peter Newbrook (não creditado). Supervisão de guarda-roupa: Sam Benson (não creditado). Joias: Joan Joseff (não creditado). Assistente de montagem: Lyman Hallowell (não creditado). Sistema de mixagem de som: Estereofônico em 4 canais pela Westrex Recording System. Tempo de exibição: 105 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1979; revisto e ampliado em 2010)



[1] O filme teve locações na França (Île de France, margens do Sena, Ponte Alexandre III e imediações da Catedral Ortodoxa Russa de Santo Alexandre Nevsky de Paris), Inglaterra (Hertfordshire, Knebworth House e Stevenage) e Dinamarca (Københavns Hovedbanegård e Tivoli de Copenhague).
[2] Algumas histórias acerca de Anna Anderson afirmam que seu nome real é Franziska Schanzkowska. De origem polonesa, com histórico de doença mental, foi atriz e operária. Não se sabe como passou a se identificar como Anastácia. O certo é que enganou muita gente, a ponto de ser criada uma associação pela defesa de seus direitos. A entidade foi extinta em pouco tempo, logo após Anna dançar nua sobre o telhado da residência de uma certa Princesa Xenia, que a acolheu em Manhattan, New York, em 1928. Esteve internada na Alemanha Ocidental, em instituição para doentes mentais, até meados dos anos 50. Casou-se em 1968, nos Estados Unidos, com professor da Universidade de Virginia. Jamais ficou inteiramente curada. Abandonada e na miséria, foi internada pela última vez em 1983. Viveu reclusa até a morte, em 1984. Cf. Anna Anderson in <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anna_Anderson> acessado em 14 jul. 2010; Reviews and ratings for Anastasia in < http://www.imdb.com/title/tt0048947/reviews> Acessado em 14 jul. 2010.
[3] Cf. EWALD FILHO, Rubens. Dicionário de cineastas. São Paulo: Nacional, 2002. p. 441; TULARD, Paul. Dicionário de cinema: os diretores. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 392-393; MOWIS, I. S. Biography for Anatole Litvak. Disponível em <http://www.imdb.com/name/nm0514822/bio?ref_=nm_ov_bio_sm> Acessado em 14 jul. 2010.
[4] As exceções, amparadas por lembranças remotas, são Confissões de um espião nazista, Dois contra uma cidade inteira e Uma vida por um fio.
[5] Na origem, Pygmalion, peça de George Bernard Shaw acerca dos esforços do professor Henry Higgins para transformar Eliza Doolittle, florista sem modos e traquejo social, no exemplo mais bem acabado de uma perfeita dama da alta sociedade. Há duas adaptações cinematográficas de renome: Pigmalião (Pygmalion, 1938), de Anthony Asquith e Leslie Howard, com Wendy Hiller fazendo Eliza Doolittle e Howard se passando pelo professor Higgins; e Minha bela dama (My fair lady, 1964), de George Cukor, com Audrey Hepburn e Rex Harrison nos referidos papéis.
[6] A Imperatriz Maria Feodorovna faleceu em Copenhague no mesmo ano em que se desenrola a trama do filme. Em 2006, seus restos morais foram transferidos para São Petersburgo.