domingo, 15 de janeiro de 2017

ROBERTO ROSSELLINI ABRE O NEORREALISMO COM UM DIAMANTE BRUTO

É preciso muita imprudência ou gostar excessivamente do cinema. Porém, ambas as características não são excludentes e se aplicam perfeitamente ao cineasta Roberto Rossellini. A Segunda Guerra Mundial demoraria cerca de um ano para terminar. Os aliados libertaram Roma, mas os combates prosseguiam na Itália, rumo ao norte. A indústria cinematográfica do país estava em frangalhos; a maior parte dos estúdios, destruída; a energia elétrica, fundamental à iluminação dos interiores, racionada. Neste cenário de precariedade, Rossellini planejou um curta metragem sobre o fuzilamento do padre Don Morosini pela Gestapo. Como resultado das pesquisas efetuadas, o projeto evoluiu para um filme longo, realizado com a cara e a coragem, sobre as agruras da população romana durante o jugo nazista. Para viabilizar a produção, o cineasta empenhou todas as posses e contraiu dívidas além da medida, principalmente para conseguir filme virgem, então raro na Itália. Diante das circunstâncias, filmou nas ruas, sob luz natural, e encenou os interiores onde pode. Contou apenas com três atores profissionais. Os demais personagens foram interpretados por amigos e gente de povo. Por causa da pressão dos credores, foi obrigado a vender o filme, já concluído, a um abnegado soldado estadunidense prestes a voltar à terra natal. Passados alguns meses, recebeu dos Estados Unidos um inesperado telefonema do produtor e exibidor Joe Bernstein: queria resolver pendências e combinar detalhes para o lançamento comercial de Roma, cidade aberta (Roma città aperta, 1945). Os fatores que presidiram a encenação dessa pungente e trágica crônica sobre a dignidade e a resistência inauguraram uma das mais marcantes e influentes correntes humanistas do cinema: o Neorrealismo Italiano. Ainda permitiu a Anna Magnani, no papel da inesquecível e veraz Pina, encenar uma morte das mais tocantes, de dilacerar o coração. A apreciação a seguir é de 1978.






Roma, cidade aberta
Roma città aperta

Direção:
Roberto Rossellini
Produção:
Giuseppe Amato (não creditado), Ferruccio De Martino (não creditado), Rod E. Geiger (não creditado), Roberto Rossellini (não creditado)
END, Excelsa Film, Minerva Film AB, Roma, città aperta
Itália — 1945
Elenco:
Aldo Fabrizi, Anna Magnani, Maria Michi, Giovanna Galletti, Marcello Pagliero, Henry Feist, Francesco Grandjacquet, Carla Rovere, Carlo Sindici, Joop van Hulzen, Nando Bruno, Ákos Tolnay, Vito Annichiarico, Eduardo Passarelli, Alberto Tavazzi, Amalia Pellegrini e os não creditados Caterina Di Furia, Laura Clara Giudice, Turi Pandolfini, Amalia Pellegrini, Spartaco Ricci, Doretta Sestan, Alberto Tavazzi.



O diretor Roberto Rossellini com a atriz Ingrid Bergman



Realizado quando ainda se ouviam os estrondos da Segunda Guerra Mundial — as filmagens começaram em agosto de 1944, dois meses após a libertação da Cidade Eterna e com a indústria cinematográfica da Itália praticamente liquidada —, Roma, cidade aberta inaugurou o Neorrealismo. Converteu-se, com o passar dos anos, em um dos ápices do cinema de todos os tempos.


Tem antecedentes os mais conturbados. De início, o diretor Roberto Rossellini pretendia um documentário curto a respeito do fuzilamento do padre Don Morosini pelos nazistas, pouco antes da capitulação das forças alemãs aos aliados. Um líder da resistência narrou o fato ao roteirista Sergio Amidei — amigo de Rossellini —, que logo escreveu história a respeito. Quando se tomou a decisão de fazer um filme longo, Amidei contou com a colaboração de Federico Fellini, Marcello Pagliero, Alberto Consiglio e do próprio diretor para ampliar a ideia original. Ao núcleo dramático incorporaram-se novos fatos e personagens, resultados das observações e pesquisas de Rossellini em andanças pela capital italiana, quando ouviu, de populares pobres, relatos duros e carregados de sofrimento. O projeto encenaria trágica crônica sobre a resistência da população romana ao nazifascismo e a perda prematura da inocência face às agruras da guerra. Entretanto, o ponto de partida foi mantido: no epílogo ocorre o fuzilamento do padre Don Pietro Pellegrini (Fabrizi) pela Gestapo.


Os instantes finais do padre Don Pietro Pellegrini (Aldo Fabrizi)



Faltava filme virgem na Itália. Rossellini recorreu ao câmbio negro para adquirir pontas e pedaços de negativo de diversos tipos e procedências a peso de ouro. Endividou-se além da medida. Teve que vender os móveis e, por fim, a própria casa. Com os estúdios cinematográficos praticamente destruídos, utilizou cenários reais, principalmente as ruas, e iluminação a mais natural. Para os personagens, lançou mão da gente simples do povo — com as exceções de Fabrizi, Anna Magnani e Maria Micchi, os únicos profissionais do elenco. O amigo Marcello Pagliero interpretou o líder da Resistência engenheiro Giorgio Manfredi, também conhecido por Luigi Ferraris. Trabalharam de graça, por amizade ao diretor. Somente as cenas com a reconstituição do quartel general da Gestapo foram rodadas nas dependências ainda aproveitáveis de Cinecittá. Face a tais antecedentes, percebe-se: o Neorrealismo não resulta de decisão consciente, tomada por gosto ou opção estética, mas de imposição da necessidade. Na frágil situação da produção cinematográfica na Itália está a origem do movimento. Quanto a isto, Roma, cidade aberta é também uma das mais precárias realizações da história do cinema.


Com o filme montado vieram novos dissabores. Parte da quantia prometida não foi liberada para cobrir as despesas finais e de lançamento. Como a realização fugia totalmente aos cânones que legitimavam o padrão cinematográfico vigente, um dos financiadores alegou que Rossellini descumpriu com o combinado. Assim, não se comprometeria com outros dispêndios, pois a realização, certamente, estava fadada ao fracasso comercial. Diante disso, para honrar compromissos com credores, o cineasta se viu na triste obrigação de vender o filme para quitar as dívidas mais urgentes. Começa aí uma das mais incríveis histórias do cinema.


Anna Magnani no papel de Pina e Aldo Fabrizi como Don Pietro Pellegrini

  

Um soldado das forças estadunidenses de libertação demonstrou interesse e adquiriu a película pela irrisória quantia de 28 mil dólares. Acreditava, vagamente, que se converteria em fenômeno de bilheteria. As razões para tanto: a força e autenticidade dos personagens e a seca história contada, tingida pelo "real" colorido da vida — semelhante a um documentário —, destituída do falso glamour característico das produções comerciais. A esta altura Roma, cidade aberta estava nas mãos de um agiota. O desejo de vê-lo exibido era tanto a ponto de Rossellini se endividar ainda mais para resgatá-lo pela exagerada soma de 5 milhões de liras tomada de empréstimo a um amigo. Assim que entregou o filme ao militar, este embarcou para os Estados Unidos e não deu notícias. Muito tempo depois, o cineasta recebeu carta do produtor e exibidor estadunidense Joe Bernstein: demonstrava interesse no lançamento comercial de Roma, cidade aberta e pretendia, para tanto, resolver pendências e detalhes.


A previsão do militar se mostrou correta. A realização foi sucesso de crítica e público nos Estados Unidos. Na Itália não foi diferente. Apenas os críticos habituados às produções pejorativamente classificadas como telefones brancos, típicas do período fascista, torceram o nariz. Apresentada no Festival de Cannes, em 1946, recebeu o Grande Prêmio junto com dez outras produções[1]. Nesse mesmo ano foi agraciada como Melhor Filme Estrangeiro pelo Círculo de Críticos de Nova York e mereceu igual honraria da National Board of Review — que também elegeu Anna Magnani como Melhor Atriz. Do Sindicato Nacional dos Jornalistas de Cinema da Itália, ainda em 1946, fez jus ao Nastro D'argento de Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante para Magnani. Ainda teve indicação ao Oscar de Melhor Roteiro em 1947. O mundo começava a tomar conhecimento da força do novo cinema italiano. A estética Neorrealista correu o mundo e ganhou foro de escola cinematográfica. Deitou influências em várias cinematografias, dos mais diversos países, inclusive no Cinema Novo brasileiro: Nelson Pereira dos Santos em início de carreira e Glauber Rocha estão entre os mais notáveis admiradores e seguidores de Roberto Rossellini.


A precariedade de Roma, cidade aberta só acentua a força do seu realismo denso de emoções e rico de sugestões. Poucos filmes conseguem atingir tão elevado grau de pungente sinceridade, graças à "verdade" transmitida pelas imagens. A câmera pouco "profissional", sem os vícios dos enquadramentos estilizados, capta com fidelidade até então nunca vista toda uma teia de sentimentos revelados por inteiro, sem cair nas armadilhas do pieguismo que, na maioria dos casos, impregnam os retratos carregados de sofrimento e desesperança. A objetividade é mantida, mesmo nas cenas e sequências mais dramáticas: a tortura e morte do Engenheiro, o fuzilamento de Don Pietro e, principalmente, a morte de Pina (Magnani), momento da mais pungente dramaticidade: ao correr, aflita, rumo ao caminhão da Gestapo que conduz preso o amado Francesco (Grandjacquet), é colhida por fatal rajada da metralhadora diante do filho, o pequeno Marcello (Annichiarico), de Don Pietro e da multidão acuada pela repressão nazista. O espectador sente a tensão, o nervosismo, a impotência, o medo e o pesar reunidos no contexto do brutal assassinato da personagem. E se condói com o desespero de Marcello diante do cadáver da mãe.


Engenheiro Giorgio Manfredi (Marcello Pagliero), líder da Resistência, torturado pela Gestapo

Um dos grandes momentos do cinema
Desesperada, Pina (Anna Magnani) corre para a morte; logo atrás, o filho Marcello (Vito Annichiarico)

Pina (Anna Magnani) e o pequeno Marcello (Vito Annichiarico)



O ritmo tenso e nervoso se faz presente em várias outras situações. Os fatos se sucedem com rapidez inusitada. A fotografia é perpassada por atmosfera de tragédia. O preto assume tonalidades que elevam a intensidade do drama. Fica-se sem saber se essa foi uma intenção de Rossellini e do diretor de fotografia Ubaldo Urata ou resultado das circunstâncias que cercaram as filmagens. Seja como for, o cinema saiu engrandecido. Hoje, passados tantos anos do lançamento e com parte do seu impacto estético diluído pelo tempo, a força e o pioneirismo de Roma, cidade aberta continuam vivos, ainda mais quando são lembradas a época e as condições em que foi feito.


O núcleo da história é simples e gira basicamente em torno da caçada implacável movida pela Gestapo ao líder partisan Giorgio Manfredi e as consequências daí decorrentes, principalmente de sua captura. São fatos que afetam a vida de outros: o combatente da resistência Francesco, a viúva Pina, o pequeno Marcello e, próximo a todos, o sempre ativo e solidário Don Pietro. Além de se dedicar às atividades puramente religiosas, o padre ajuda diretamente a quem precisa. Graças à sua posição "insuspeita" de clérigo, oculta perseguidos, auxilia a Resistência com o repasse de informações e providencia documentos falsos que facilitam a fuga e a segurança dos mais visados. Devido à traição da amante de Manfredi, Marina Mari (Michi) — que mantém relações com a oficialidade alemã —, o líder é capturado juntamente com o padre. Aquele sucumbe sob efeito de violentas torturas; já o sacerdote é fuzilado ao final da história.


Estão estampadas nos rostos dos personagens italianos as consequências do duro convívio com o despotismo fascista, a experiência bélica que resultou em capitulação e ocupação por nazistas e aliados, as humilhações cotidianas, as batalhas e expedientes aos quais todos se obrigavam em prol da sobrevivência e prolongamento da esperança por dias melhores. Estas circunstâncias penosas ainda marcavam presença nos últimos dias dos combates, quando aconteceram as filmagens. Reflexos desses momentos estão nas ruas obstruídas por entulhos e material bélico, edificações destruídas, na falta de trabalho e ausência de direcionamento para a população. Quando optou pela única alternativa possível, de filmar em externas, toda a atmosfera de ruína, privação e ausência de alternativas estava dada. Acerca disso, Rossellini nada teve que criar. Apenas orientou os atores. Estes, basicamente, sabiam o que fazer: interpretar suas próprias vivências transcorridas sob os anos de fogo e aniquilamento. Coube ao cineasta instalar a câmera em meio ao cenário da vida real. Por isso, apesar da encenação, Roma, cidade aberta tem o duro aspecto de um documentário, como um cinejornal rodado durante o pleno calor dos acontecimentos.


Pina (Anna Magnani) jaz nos braços do sempre solidário Don Pietro Pellegrini (Aldro Fabrizi)



Mesmo em seu momento mais marcantemente dramático, da morte de Pina, o realismo característico da cobertura jornalística está presente. Por isso, o assassinato da personagem é tão vivo, marcante e comovente. Tais sensações resultam de uma câmera bem posicionada, acionada para captar um evento particular e transcendê-lo em seus mais óbvios significados. Estes decorrem da imprudente e desesperada ação de Pina em seus exasperantes momentos finais: a tentativa de se livrar do assédio do guarda alemão seguida da carreira em direção ao veículo dos algozes até ser interrompida por mortal rajada. O realismo da tomada é ampliado pelo rosto e gestual verazes de Anna Magnani, uma das atrizes mais naturais, moldáveis, fortes e determinadas já vistas numa tela de cinema. O agir mal calculado de Pina é decisão de quem ousou permanecer viva, a duras penas, e que, ainda assim, não admite perder os frágeis fios de esperança que a reconectam à vontade de prosseguir com dignidade. Morreu em nome da vontade de viver.


Pina (Anna Magnani) em seus últimos momentos, assediada pelo soldado alemão



Roma, cidade aberta radiografa a coragem e determinação quando todas as possibilidades de continuar existindo pareciam esmagadoramente adversas. Tem-se a impressão de que a vida era impossível naquele cenário tingido de branco e negro, impresso por Ubaldo Arata em negativos de todas as procedências, nem sempre passíveis de padronização. Diante da câmera parece passar a vida como de fato era. Mas Rossellini vai além. Enquanto captava o dado presente, a objetiva mirava o futuro. Por isso, Roma, cidade aberta não se contenta em ser o mero apanhado da realidade retratada, como se houvesse da parte do diretor a plena rendição aos fatores palpáveis e objetivos. Por baixo de tanto lixo material, sob as expressões e ações de pessoas reduzidas à condição de entulho, pulsa magnífica história de resistência e promessas de que é possível viver em outras condições. Mesmo que para isso seja imprescindível morrer, como acontece com Giorgio Manfredi, Pina e Don Pietro. A esperança jorra das mortes dignas que tiveram em nome da continuidade dos que ficaram resistindo, sobrevivendo, sonhando e se esquivando ao desatino da máquina de matar nazista.


Aos que resistem de uma ou outra forma, mesmo pagando com a vida — comunistas como Giorgio Manfredi ou fervorosos católicos como Don Pietro, gente prática como Pina ou crianças de futuro incerto da cena final —, Rossellini louva um tipo de desapego capaz de brotar somente quando há muito pouco ao que se agarrar material e espiritualmente falando. Nestas circunstâncias abundam a fé e a dignidade que elevam todos às alturas supremas, capacitando-os a toda sorte de entrega e sacrifício, inclusive à morte honrosa quando viver em plenitude se torna praticamente impossível. É a isto que se refere Francesco em raro momento de idílio com Pina, quando renova compromisso de fé com a Resistência: "Temos que acreditar. Não devemos ter medo porque nosso caminho é o justo e certo. Estamos lutando por algo que virá. A luta pode ser longa, inglória, extenuante, pode até parecer impossível. Mas ao fim haverá um mundo melhor". É a esperança que ameaça germinar da exiguidade, inclusive das precárias condições materiais que presidiram a realização de Roma, cidade aberta, que tornam este filme um dos mais poderosos manifestos humanistas de todos os tempos.


Anna Magnani tem interpretação marcante como Pina

Acompanharam Don Pellegrini (Aldo Fabrizi) em seus últimos momentos
Após testemunharem o fuzilamento do padre que os amparava, as crianças voltam para Roma na tomada final de Roma, cidade aberta



Cabe assinalar que a realização trouxe consequências para a vida pessoal e afetiva do diretor. Ingrid Bergman, impressionada com o realismo das imagens, escreveu emocionada carta a Rossellini e se ofereceu para trabalhar com ele, inclusive de graça. Foi o prenúncio de um longo imbróglio amoroso que abalou a autoestima da opinião pública estadunidense. Esta, durante muitos anos, renegou uma das atrizes preferidas, atacada pela imprensa como abjeta e imoral. Logo ela, a intérprete da abnegada Ilsa Lundi de Casablanca (Casablanca, 1942), de Michael Curtiz, e da casta Joana D'Arc em Joana D'Arc (Joan of Arc, 1948), de Victor Fleming, trocava o marido Petter Aron Lindstrom e a filha Friedel Pia Lindström para se aventurar no estrangeiro com um homem também casado[2]. Foi um golpe extremamente duro para Hollywood e as puritanas plateias estadunidenses.






História: Sergio Amidei. Roteiro: Sergio Amidei, com a colaboração de Federico Fellini, Marcello Pagliero, Roberto Rosselini e cenas adicionais de Alberto Consiglio e Roberto Rossellini. Direção de fotografia (preto e branco): Ubaldo Arata. Cenografia: Rosario Megna. Música: Renzo Rossellini. Montagem: Eraldo Da Roma, Jolanda Benvenuti (não creditado). Gerentes de produção: Ferruccio De Martino, Mario Del Papa. Assistentes de direção: Sergio Amidei, Federico Fellini (não creditado). Som: Raffaele Del Monte. Efeitos visuais: Stefanacci (não creditado). Operador de câmera: Vincenzo Seratrice. Direção musical: Luigi Ricci. Gerente de laboratório: Vincenzo Genesi. Continuidade: J. Tuzzi. Dubladores (não creditados): Ferruccio Amendola (Vito Annichiarico), Rosetta Calavetta (Carla Rovere), Gualtiero De Angelis (Francesco Grandjacquet), Lauro Gazzolo (Marcello Pagliero), Giulio Panicali (Harry Feist), Roswita Schmidt (Giovanna Galletti). Estúdio de gravação de som: Fono Roma. Tempo de exibição: 105 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1978)



[1] Desencanto (Brief encounter, 1945), de David Lean; Iris och löjtnantshjärta (1946), de Alf Sjöberg; A última porta (The last chance, 1945), de Leopold Lindtberg; Farrapo humano (The lost weekend, 1945), de Billy Wilder; Maria Candelária (María Candelaria (Xochimilco), 1944), de Emilio Fernández; Muzi bez krídel (1946), de Frantisek Cáp; Neecha Nagar (1946), de Chetan Anand; De røde enge (1945), de Bodil Ipsen e Lau Lauritzen Jr.; A sinfonia pastoral (La symphonie pastorale, 1946), de Jean Delannoy; e Velikiy perelom (1945), de Fridrikh Ermler.
[2] Na época, o cineasta era legalmente casado, desde 1936, com a figurinista e cenógrafa Marcella de Marchis. Com ela teve os filhos Romano, falecido aos nove anos, em 1946, e Renzo, nascido em 1941 e futuro roteirista, diretor e produtor de cinema. Roberto Rosselini e Marcella estavam de fato separados desde 1942. Divorciaram-se em 1950, quando o diretor vivia com Anna Magnani, de quem traumaticamente se afastou para viver com Ingrid Bergman.